Se essa rua fosse minha...

Filha, a mamãe nasceu e cresceu há muito tempo atrás numa ruazinha tranquila chamada Tobias da Silva. Ela não tinha pedrinhas de brilhante, mas tinha outro tesouro: liberdade. Naquela época brincavamos pela rua como se fosse o pátio de casa. Minhas primas também moravam nesta rua, assim como dezenas de outras crianças. Numa esquina era o clube, na outra a escolinha e a pracinha.
Subíamos em árvores, muros, brincávamos de policia e ladrão, corda, amarelinha, andávamos de bicicleta, skate, carrinho de lomba... E uma vez por semana, havia feira na nossa rua, sim com frutas de verdade fazíamos a nossa feirinha. Naquela época não havia problemas de carros e pessoas ensandecidas, tráfico, desconfiança, medo, cercas elétricas, seguranças particulares, muros altos... Não existia computador, shopping, mas existia brincadeiras de elástico, cinco marias, banhos memoráveis de mangueira e tanque, e tudo mais que a nossa imaginação desejasse.
Ontem, como um passe de mágica a sua escola fechou a rua para dar este gostinho para você e seus colegas. E a rua que eu cresci, sim, ainda existe, mas, agora tem um apelido estranho: "Fobias da Silva".