Filhos... Filhos? Melhor não tê-los!
Mas se não os temos/ Como sabê-los?
Se não os temos/ Que de consulta/ Quanto silêncio/ Como os queremos!
Banho de mar/Diz que é um porrete... / Cônjuge voa/ Transpõe o espaço/ Engole água/ Fica salgada/ Se iodifica/ Depois, que boa/ Que morenaço/ Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa/ A aporrinhação:
Cocô está branco/ Cocô está preto
Bebe amoníaco/Comeu botão.
Filhos? Filhos/ Melhor não tê-los
Noites de insônia/ Cãs prematuras/ Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo
Melhor não tê-los... Mas se não os temos/ Como sabê-los?
Como saber/ Que macieza/ Nos seus cabelos
Que cheiro morno/ Na sua carne
Que gosto doce/ Na sua boca!
Chupam gilete/ Bebem xampu/ Ateiam fogo/ No quarteirão
Porém, que coisa/ Que coisa louca/ Que coisa linda/
Que os filhos são!Vinícius de Morais - (Antologia Poética)
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